Introdução

A automação tem sido um tópico central nas discussões sobre o futuro do trabalho, levantando questões sobre o impacto das tecnologias emergentes na economia e na sociedade. Neste artigo, faremos uma análise crítica de um estudo recente que investiga a susceptibilidade dos empregos às tecnologias emergentes, com foco na automação. O estudo em questão examina 702 ocupações nos Estados Unidos, classificando-as de acordo com sua probabilidade de automação e discutindo as possíveis implicações para o mercado de trabalho.

Resumo do Estudo

O texto discute o impacto da robotização e da informatização em tarefas manuais não rotineiras, destacando o avanço da robótica móvel e a crescente viabilidade econômica de carros altamente instrumentados e informatizados na logística. Algoritmos de aprendizado de máquina estão sendo aplicados em uma variedade crescente de tarefas não rotineiras, como manutenção de turbinas eólicas e operações cirúrgicas complexas. A coleta de grandes volumes de dados está possibilitando o desenvolvimento de algoritmos para resolver problemas de engenharia, impulsionando a redução de custos em robótica e tornando os robôs mais acessíveis. No entanto, existem desafios significativos relacionados à percepção e manipulação de objetos, à criatividade e à inteligência social, limitando a capacidade de automatizar certas tarefas não rotineiras.

 “Cerca de 47% dos empregos nos EUA são classificados como de alto risco”

O estudo analisa a susceptibilidade atual dos empregos às tecnologias emergentes, com foco na automação. Cerca de 47% dos empregos nos EUA são classificados como de alto risco, potencialmente automatizáveis em um futuro próximo, incluindo ocupações como transporte, logística, administração e produção. Surpreendentemente, uma parcela substancial de empregos em serviços também é considerada altamente suscetível à automação. Além disso, o estudo aponta uma relação negativa entre salários e probabilidade de automação, sugerindo que a automação tende a substituir principalmente empregos de baixa habilidade e baixos salários. Isso implica uma mudança na demanda relativa por trabalho qualificado, com trabalhadores de baixa habilidade realocando-se para tarefas que exigem inteligência criativa e social.

O texto também discute o impacto das revoluções tecnológicas no mercado de trabalho ao longo da história, desde a Revolução Industrial até os avanços recentes em computação e inteligência artificial. Durante a Revolução Industrial, a introdução de máquinas a vapor expandiu os mercados e aumentou a demanda por trabalhadores qualificados. A eletrificação posterior levou a uma demanda crescente por trabalhadores brancos, enquanto a informatização no século XX aumentou a demanda por trabalhadores educados, mas também levou à compressão dos diferenciais salariais educacionais. Desde a década de 1980, a informatização e a adoção de tecnologias de computação e informação têm aumentado a desigualdade salarial, impulsionando a polarização do mercado de trabalho entre empregos cognitivos de alta renda e ocupações manuais de baixa renda, enquanto os empregos de rotina de renda média diminuem.

Avanços recentes em aprendizado de máquina, big data e inteligência artificial estão tornando tarefas cognitivas não rotineiras mais suscetíveis à automação, levando a mudanças na estrutura ocupacional. Apesar das preocupações com o desemprego tecnológico, o progresso tecnológico historicamente levou à criação líquida de empregos, embora a natureza desses empregos possa mudar significativamente. No entanto, o ritmo acelerado da automação nas tarefas cognitivas levanta questões sobre a capacidade da educação humana acompanhar o ritmo da tecnologia e sobre o impacto potencial na taxa natural de desemprego.

Análise Crítica

O estudo aponta uma relação negativa entre salários e probabilidade de automação, sugerindo que a automação tende a substituir principalmente empregos de baixa habilidade e baixos salários. Isso implica uma mudança na demanda relativa por trabalho qualificado, com trabalhadores de baixa habilidade realocando-se para tarefas que exigem inteligência criativa e social. No entanto, para se adaptarem, os trabalhadores precisarão adquirir habilidades criativas e sociais.

Também, o estudo oferece uma contribuição significativa para o entendimento do impacto da automação no mercado de trabalho. No entanto, algumas questões críticas merecem ser discutidas. Primeiramente, a metodologia utilizada para prever a probabilidade de automação pode ser questionada. Embora os pesquisadores tenham empregado uma abordagem abrangente, é importante considerar que a automação não é apenas uma questão técnica, mas também envolve fatores econômicos, sociais e políticos. Portanto, a previsão da automação pode ser afetada por incertezas e limitações inerentes aos modelos utilizados.

Além disso, o estudo tende a generalizar o impacto da automação sem considerar adequadamente as nuances e especificidades de diferentes setores e ocupações. Embora seja válido identificar tendências gerais, é essencial reconhecer que o impacto da automação pode variar significativamente entre diferentes contextos e indústrias. Por exemplo, enquanto algumas ocupações podem ser facilmente substituídas por tecnologias automatizadas, outras podem exigir habilidades humanas únicas que são difíceis de replicar por máquinas.

 “Portanto, uma análise mais abrangente deve considerar não apenas os empregos que estão em risco de automação, mas também as oportunidades de emprego que podem surgir como resultado da inovação tecnológica.”

Outra questão crítica levantada pelo estudo é a suposição de que a automação inevitavelmente levará à substituição de empregos. Embora seja verdade que a automação pode resultar na obsolescência de certas ocupações, também pode criar novas oportunidades de emprego em setores emergentes. Portanto, uma análise mais abrangente deve considerar não apenas os empregos que estão em risco de automação, mas também as oportunidades de emprego que podem surgir como resultado da inovação tecnológica.

Além disso, o estudo poderia se beneficiar de uma análise mais aprofundada das implicações sociais e políticas da automação. A automação não é apenas uma questão econômica, mas também tem ramificações importantes para a distribuição de renda, desigualdade social e inclusão no mercado de trabalho. Portanto, uma análise crítica completa deve considerar não apenas os aspectos técnicos da automação, mas também suas consequências sociais e políticas.

Conclusão

Em resumo, o estudo oferece insights valiosos sobre a susceptibilidade dos empregos às tecnologias emergentes, mas também levanta questões importantes que merecem uma análise mais aprofundada. A automação é um fenômeno complexo que pode ter consequências significativas para o mercado de trabalho e a sociedade como um todo. Portanto, é essencial abordar essas questões de forma crítica e holística, considerando não apenas os aspectos técnicos da automação, mas também suas implicações sociais, políticas e econômicas.

Para conferir o Artigo de Carl Benedikt Frey & Michael Osborne sobre “o futuro dos empregos e a IA” clique neste link: https://www.oxfordmartin.ox.ac.uk/publications/the-future-of-employment/